“… Julgar se a vida merece ou não ser vivida…” (CAMUS)
“Achar que a vida não merece ser
vivida e deixar corromper-se pelas ilusões do absurdo, é a forma em que o homem
começa a ser consumido pelo suicídio.” (CAMUS, citado por Harley Carlos de
Carvalho Lima).
Estava eu na
antessala do consultório do meu psiquiatra, Dr. Durval Bezerra de Lima Filho,
aqui em Recife, uma pessoa maravilhosa, um grande profissional, uma figura que
transmite paz com sua postura, sua inteligência, seu humanismo e sua voz suave
como uma música maravilhosamente agradável, ele me tirou várias vezes da
depressão, uma praga, que sempre, vai e volta.
Agradeço, muito, a
sorte, ao acaso, a fortuna (Spinoza), tê-lo conhecido, um médico ético, super
responsável.
Estava conversando
com sua secretária, Sandra, supercompetente, educadíssima, uma mulher jovem,
madura, muito bonita, branca, alta, cabelos, se não me engano ruivos.
Quando falo mulher,
branca, alta bonita, a estou descrevendo como a realidade me mostra. Também
acho mulheres baixa, gordas, de todos as cores e de todos os sexos bonitas,
lindas, atraentes.
Já namorei muito.
Tive uma namorada que era branca e gorda, pintora famosa, já expôs seus quadros,
além do Brasil, na Europa, na China, etc.
Namorei mulheres de todos os tipos, como na música “Mulheres”, de
Martinho da Vila.
A maioria das
namoradas eram brancas, pois a nossa sociedade e muito estratificada, e eu sou
branco de classe média... eram as pessoas que conviviam comigo.
Lembro de 4 namoradas
negra, Francis, Professora; Ana Lúcia, inteligentíssima, atualmente é doutora
na área de Assistência Social; Laíze, formada em Música, regente de um coral na
igreja em que o irmão dela era pastor. A religião atrapalhou muito o nosso
namoro; e, minha atual esposa, com quem tenho uma filha de 7 anos, também negra,
minha razão, atualmente para viver.
Em 2013, me apaixonei
por uma mulher trans, mas, infelizmente não deu certo, não falo o nome dela por
que ela é famosa, atriz, tudo já passou.
Ou sela, “toda maneira
de amor vale a pena”, canta Milton Nascimento na música “Paula e Bebeto”.
Fugi do assunto
principal que é a depressão, o suicídio, e o absurdo da vida e da existência,
da autoconsciência. Triste.
Sempre tive
depressão, mas só recebi um diagnóstico quando eu tinha 23 anos, hoje tenho 60.
A existência não tem
nenhum sentido, não sabemos por que, para que existimos, mas só começamos a
atinar para isso com a idade chegando, nesse momento já casamos, tivemos
filhos, tive três do primeiro casamento e uma do segundo, e aí, já é tarde, e repetimos
vários erros.
Fico pensando,
“porra, por que existo? Eu não pedi. Essa autoconsciência é de uma tortura
inimaginável”.
Mas, como disse,
repetimos erros. Hoje, aos 60 anos, digo: “para que fui ter filhos? Colocar um
ser nesse mundo distópico é um absurdo”. Só que fui pai pela primeira vez aos
19 anos. Nessa idade nada disso era pensado por mim.
A natureza, para os
propósitos dela, é sábia e cruel. Aos 18, 19 anos eu me apaixonava todo dia,
queria casar ter uma família, muitos filhos.
A sabedoria da
natureza é que o mais importante para ela e para todos os animais, nós,
logicamente incluídos, que é passar a sua herança, os seus genes para o futuro.
E isso acontece
rápido, para nós humanos, homem hétero, no meu caso, aos 18 anos, desde os 12
mais ou menos, só pensamos em sexo, mulheres, amor ideal, filhos, atingido seu
objetivo, ela nos abandona (risos) a nossa própria sorte, destino, fortuna, acaso,
etc.
Por isso, além de uma
sociedade injusta, com uma desigualdade gigante de renda, depressão, doenças,
fome, guerras, violência, injustiças, perseguições por diversos motivos,
pensamos, eu penso muito, diante de todo esse absurdo sem sentido, em suicídio.
Désolée, c'est la vie. (Sinto
muito, é assim a vida).
Itárcio Ferreira
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