Marinaleda

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RESIGNAR-SE, NUNCA!

quinta-feira, 5 de junho de 2014

A RESPEITO DE UM ARTIGO DE PAUL CRAIG




Recebo e-mail do amigo e mestre JFHF sobre o artigo Por que a guerra é inevitável, de Paul Craig.

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Prezado Itárcio!

Grato pelo post.

Eu já havia lido outro artigo de Craig no qual ele faz menção à possibilidade de a próxima guerra (na necessidade egoísta de evitar o auto-holocausto da humanidade) valer-se ("convencionalmente", como contraponto a métodos nucleares) de robôs inteligentes.

Mas, antes de expor alguma coisa do que apreendi desse interessante texto de Craig, gostaria de que você expusesse sua maneira de ver o jeito de Craig, considerando a "vida pregressa" dele conforme narração no final do artigo.

Abraço.

JFHF.

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Prezado JFHF!

Paul Craig participou do governo Reagan, governo este tão violento e terrorista quanto Bush ou Obama.

Noam Chomsky tem um livro só sobre as atrocidades do governo Reagan na América Central, afora as atuações terroristas na África e Ásia.

Outra coisa, Reagan e Margaret Hilda Thatcher foram os pais do novo liberalismo, junto com Augusto Pinochet, no Chile, levando ao desmonte, hoje catastrófico, do estado do bem estar social nos EUA e na Europa.

Com certeza absoluta Paul Craig tinha conhecimentos privilegiados de todos esses acontecimentos, então fica a pergunta, por que agora acusa apenas os governos Bush e Obama e se omite em relação Reagan?

Acredito que após o 11 de setembro, com suas diversas leis e resoluções que caçaram direitos civis aos próprios cidadãos estadunidenses, tais como o direito ao habeas corpus, ao devido processo legal, a presunção de inocência e a possibilidade de serem espionados sem a necessidade de autorização judicial, Craig tenha tido um despertar, um sentimento de medo, raiva, decepção e, por que não, de arrependimento.

Enquanto apenas os direitos dos povos não norte-americanos estavam sendo desrespeitados em nome da “democracia” o do estilo de vida estadunidense, essas atrocidades pareceriam naturais: o povo civilizado escolhido por Deus X povos bárbaros amaldiçoados pelo Deus do EUA.

Quando tais atrocidades se deram contra o seu próprio povo, com Bush, e mantidas por Obama, Craig, creio eu, passou a confrontar e a comparar que se tais atitudes o incomodavam em relação ao seu país, trazendo, ainda, malefícios ao seu povo, algo, portanto, estava errado e deveria ser revisto.

Crítico do sistema do qual participava como ator significativo, crítico de si mesmo, de suas ações, o que é raro acontecer, principalmente quando já somos velhos e temos sedimentados alguns princípios dos quais não abrimos mão, passou a usar o seu conhecimento privilegiado, a sua indignação com a escravidão do seu povo e o sentimento de que seus atos foram maléficos, e ele apenas um  serviçal dos financistas e empresários das guerras, para diminuir o seu mal estar em ter servido a um objetivo tão canalha.

No próprio artigo, Craig cita Smedley Butler, General da Marinha:

(...) eu servi em todos os postos, de 2º tenente a general. Durante todo esse tempo, operei como leão de chácara musculoso para as grandes negociatas, para Wall Street e para os banqueiros. Em resumo: nunca passei de delinquente a serviço do capitalismo.

Seriam esses também sentimentos de Craig?

É só uma tese, dentre outras possíveis, mas, as críticas aos governos Bush e Obama são coerentes com a de outros pensadores de esquerda tais quais Noam Chomsky e James Petras, entre outros.

Abraços,

Itárcio.
                                                                        .