Cinegrafista Santiago Andrade
Zapeando na internet,
deparei com um artigo do Gilson Sampaio, publicado em seu blog de nome homônimo,
que acompanho, quando possível, diariamente, em virtude da minha identificação
com o que ali é publicado: “A morte do cinegrafista e o maniqueísmo rastaquera”.
A postagem me fez, mais uma vez, refletir sobre a morte trágica
do cinegrafista da BAND, Santiago Andrade e de suas implicações; da torcida do
PIG e de setores da “esquerda” e do governo, para que a culpa seja dos black
blocs, e assim, poderem, criminalizar toda e qualquer vertente dos movimentos
sociais e, aproveitando a chance, santificar a PM, que após as eleições
voltarão a ser satanizadas.
Para que fique bem claro ao leitor, a minha opinião não é imparcial,
ao contrário, entre a PM e os black blocs – não confundi-los com os coxinhas
fascistas de classe média – sou claramente a favor dos últimos.
Polícia em ação
Mas, “eles são violentos; estão fazendo o jogo da direita e
não sabem nem o que querem...” Vamos por partes, “eles são violentos...”.
“Eles são violentos”. E a PM não é? Eles são frutos do
capitalismo, queriam o que deles? Já sei que saíssem de branco, com flores à
mão, levando bombas de gás lacrimogêneo na cara; banho de spray de pimenta e
balas de borracha nos olhos, sorrindo e pregando a paz.
O pacifismo é uma grande balela, não sou pacifista. Alguém me
indique, por favor, um movimento pacifista que realmente conseguiu mudar algo
de formal radical, em toda a história da humanidade. Que seja à direita ou à
esquerda, tanto faz.
Vamos tentar citar alguns exemplos, e vermos se os mesmo
podem ser colocados a favor do pacifismo. Pensado... Pensando... Pensando... (i)
a colonização das Américas, pelos portugueses, espanhóis e ingleses; (ii) a
luta pela independência nos países das Américas; (iii) a revolução francesa; (iv)
a guerra de secessão nos EUA; (v) Revolução Soviética; (vi) a primeira Guerra
Mundial; (vii) a segunda guerra mundial; (viii) o holocausto palestino, etc.,
etc., etc.
A pacífica Revolução Francesa
É, realmente, devo confessar, preciso repensar meus conceitos
e preconceitos, pois sou um tolo por não ser pacifista...
Favor não confundir, maldosamente, não ser pacifista com ser
violento. Não ser pacifista é lutar, incluindo aí, como última opção, a luta
armada, para não ser escravizado, claro, sempre que o momento permitir, nunca
se jogar numa luta suicida, impossível de ser vencida.
Assim, no momento histórico atual, é impossível pensar-se, num
movimento armado no Brasil, ou mesmo no mundo, para lutar contra o capitalismo.
Não há a mínima chance de vitória pela abolição do capitalismo, pois os EUA
mandam no planeta; são incomparavelmente a maior potência militar do mundo, e
vão continuar mandando em todos nós, juntos com a OTAN e Israel, por mais uns
50 anos, no mínimo.
Coxinhas em ação
No momento, lutar, só se for em uma guerra justa [1] ou se
houver oportunidade de uma vitória, repetindo, com o mínimo de baixas possíveis,
como ensinava e praticava Erwin Rommel, o grande general alemão.
“Estão fazendo o jogo
da direita”. Certo,
concordo, e onde está à esquerda? Dormindo em berço esplêndido? Onde está um
governo que já não buscou cooptá-los? Se eles estão fazendo o jogo da direita
sem cooptação, imaginem se cooptados por ela. Vamos agir governo! Afinal o PT
está no poder por causa das massas. O que querem esses jovens? Alguém do
governo sabe responder? Talvez nem eles mesmos saibam.
“Não sabem nem o que
querem...” Não é
necessário ter uma visão filosófica, sociológica ou política clara para os
jovens se manifestarem, se revoltarem. Como disse Stédile, “eles são o termômetro da sociedade”. A leitura do que demandam, legitimamente,
esses jovens, tem que ser feita pela Inteligência política do governo, das
esquerdas, do PT e do Estado. Não devemos cobrar dos jovens muito mais do que
lhes é oferecido. E o que lhes é oferecido, atualmente, pelo capitalismo, é muito
pouco, na verdade, migalhas. Ou de forma mais clara, “o homem
roubado nunca se engana”, como disse Chico Science.
Eles estão inconformados com a injusta distribuição de renda
no país, isto já foi dito; com os péssimos serviços públicos oferecidos através
de concessões – Movimento Passe Livre, Mídia Ninja, etc. – tipo transporte
público, etc. Afinal, o governo é do povo ou da elite financeira? Nem vou
responder.
Nada pode prejudicar a reeleição de Dilma, isto é claro,
cristalino, estatístico. Pelo menos enquanto a oposição só tenha a oferecer
Aécio e Eduardo. Apenas ela mesma, a Presidenta, ou ele mesmo, o Governo, podem
atrapalhar a reeleição certa, se apartando do povo e se alinhando cada vez mais
a grande imprensa e aos grandes financistas – bancos, agronegócio, etc.
Alguns articulistas, jornalista, filósofos, sociólogos, historiadores,
simpatizantes ou ligados ao Governo Dilma, estão utilizando as práticas do PIG,
e que sempre foram condenadas por eles mesmos, para justificar tudo que se
oponha ao governo, mesmo quando os fatos são verdadeiros, como se estivessem em
desespero, em vista de uma eminente derrota eleitoral. Logo após a Vitória de
Dilma, esses “profissionais” voltarão a criticar PM, pedir a sua extinção, eles
que agora, por fisiologismo, parecem ver a PM composta, exclusivamente de santos.
O problema não é o homem, mas a estrutura. O problema não são
os manifestantes, ignorá-los é burrice, não combatê-los nos seus excessos,
também, o problema é o sistema que cria feras e não seres pensantes. O problema
não são os policiais militares, mas o que lhes és ensinado, nas carcomidas
escolas militares.
O pragmatismo levou a decepção para com os governos Lula e
Dilma. A partir de 2013 começamos, tardiamente, a ver a quem realmente serviam
esses governos. Portanto, não sejamos mais pragmáticos ao extremo. Coloquemos
um pouco de humanismo nas nossas ações e planos. Pensemos no ser humano como
algo bom que é desvirtuado pela selvageria do salve-se quem puder do
capitalismo.
Tive um chefe durante sete ou oito anos, o Mestre Ypiranga,
de quem sou amigo até hoje. Aprendi com ele a não procurar o culpado quando
havia alguma falha ou erro nos nossos procedimentos burocráticos. Dizia ele:
“Não estamos aqui a procura de culpados, não quero saber quem errou ou quem
acertou, vamos verificar o porquê da falha e atacar a causa. Ninguém erra querendo.
Errar é da condição humana. Mas buscar os acertos, também.”.
A questão de quem matou o cinegrafista Santiago lembra a ação
dos esquadrões da morte, num dia eles matam dez jovens negros, dos quais seis
não tinham nem sequer passagem pela polícia, mas são culpados assim mesmo, pois
são negros e pobres; no outro dia aparecem mais vinte jovens pobres e negros
buscando a oportunidade de serem cidadãos; ou do tráfico de drogas, prende-se ou
mata-se um chefão, no outro dia já está lá, na direção, outro executivo, pois
tráfico funciona como uma indústria capitalista qualquer.
Vamos buscar as causas e não os efeitos. Punir os culpados
sim, claro, mas não os movimentos sociais. Combater os excessos, sim,
principalmente dos coxinhas, mas não criminalizar todo e qualquer protesto em
defesa de qualquer governo. Os governos passam, as insatisfações continuam.
Cinegrafista Gelson Domingues
Botando mais lenha na
fogueira. Sendo contrário,
paradoxal, falho e desdizendo tudo que já falei, “embora não haja provas” o movimento tropicalista não me condena, mas,
quem realmente matou o cinegrafista da BAND?
Teria sido a própria BAND que não providenciou proteção adequada para o seu
profissional, tipo colete, capacete, um guia? Com a palavra o Sindicatos dos Jornalistas do
Rio de Janeiro. Não sei por que me lembrei do jornalista Tim Lopes, colocado na
boca do leão, por quem deveria protegê-lo; e de outro cinegrafista, desta vez
da TV Bandeirante, Gelson Domingues, morto num tiroteio entre a polícia e
traficantes.
Com a palavra a quem de direito.
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