Marinaleda

Marinaleda
RESIGNAR-SE, NUNCA!

quarta-feira, 3 de abril de 2019

“Porque longe das cercas embandeiradas que separam quintais” (Raul Seixas)



Um general do desgoverno bolsonaro sugere reverência semanal à bandeira do Brasil (Bolsonaro, ao contrário, prefere reverenciar a Bandeira dos EUA). Não vou citar o nome do general, pois era um desconhecido e daqui a pouco tempo será sempre um desconhecido. Basta dizer general para que possamos imaginar, sem erro, o seu perfil: alguém dotado de uma capacidade mental subutilizada, capaz de, ocupando um alto posto na hierarquia governamental, falar abobrinhas inaproveitáveis, insignificantes e toscas. Não ouço dos generais brasileiros uma palavra de carinho, de ânimo, de amor ao povo ou à pátria brasileira.

Qual a formação desses oficiais? Que livros leem? Por acaso aprendem apenas sobre guerras e não sobre paz? Sobre subserviência (aos EUA) e não sobre soberania? Leram “A arte da guerra”, de Sun Tzu e conseguiram, nas entrelinhas, apreender lições sobre a vida? E “É isto um homem”, de Primo Levi.? Tem algum escritor preferido? Já leram algum poema ou romance? São perguntas que fazemos diante da homogeneização do pensamento militar brasileiro, sempre à direita, sempre subserviente.

Reverenciar uma bandeira, no fim das contas um pedaço de pano, mesmo com um significado emotivo, me lembra o reverenciar o bezerro de ouro da bíblia, seria mais um conselho de algum pastor picareta, interessado apenas no dinheiro dos fies, fies estes que pensam que podem compra deus com dinheiro, é risível, mas traz estragos à sociedade.

Moramos todos num mesmo planeta, um pequeno ponto azul dentro da imensidão do Universo, frágil, a mercê de cataclismos naturais. Um meteoro ou um supervulcão, como o de Yellowstone, nos EUA, acabariam com a nossa mesquinha e malévola espécie. Bandeiras e fronteiras, no final das contas, servem apenas para exacerbar o xenofobismo, o racismo, o pré-conceito com os migrantes. Somos um só povo, vivemos num só muno: o planeta Terra, ansiosos por subsistirmos unidos e em harmonia com a natureza. Ouçamos os poetas, ouçamos o Mestre Raul Seixas.

Patriotismo, nacionalismo, de verdade, é proteger nossas riquezas e não há um general que o faça publicamente, – se é que há os que o façam na vida privada, impedidos de se pronunciar pela hierarquia pré-histórica das forças armadas – nenhum protesto contra a venda da Embraer; a entrega de Alcântara; a destruição da Petrobrás, da Eletrobrás; a favor das nossa riquezas minerais; ao contrário, em 2018, o ministro do exército general Eduardo Villas Bôas ameaçou o STF – acovardado, como falou Lula – com um golpe, caso fosse concedido habeas corpus ao Maior Presidente que este país já teve, este sim um grande nacionalista.

Ou seja, os militares não jogam o jogo democrático, mas o da chantagem; não trabalham à luz do dia, mas na surdina. Por que fazer proselitismo com a bandeira e o patriotismo do povo? No mínimo, falta de respeito.

Nenhum comentário:

Postar um comentário