O reatamento das relações diplomáticas entre
Cuba e Estados Unidos, mediados, entre outros, pelo Papa Francisco, é uma
grande vitória do povo cubano que a mais de 50 anos luta pelo fim do criminoso
bloqueio econômico imposto à ilha pelo governo imperial dos EUA.
Ademais, o bloqueio não foi suspenso, apenas as
relações diplomáticas foram refeitas, nestes primeiros momentos, só com o
tempo, e lentamente, poderão vir a ser desmontadas todas as engrenagens
jurídico-terroristas das sanções econômicas.
Nada que venha dos EUA, qualquer gesto, por mais
simpático que possa parecer, pode ser encarado como um aceno ou movimento em
busca da paz e conciliação, - que o digam os povos da Líbia e Síria, que sob o
governo do Nobel da paz (sic) viram o
seu povo e o seu país serem dizimados - pois, o histórico imperialista e
agressivo do país impossibilita tal interpretação.
Uma dúvida que me assaltou, logo que li a notícia
na internet, foi por que só agora os EUA buscaram uma aproximação com Cuba? Por
que não há dez anos ou daqui a vinte anos?
Os bastidores destes acontecimentos, o jogo de
xadrez, só virão a tona aos poucos. Quando sobre eles se debruçaram estudiosos e
jogadores em busca de esclarecimentos históricos e interpretações das jogadas.
Com minha limitada visão geopolítica, e carente
de maiores informações, vislumbro que o fortalecimento dos BRICS e a
aproximação deste grupo com Cuba e com toda a América Central, fez soar o
alerta vermelho nos ianques, e foi um, senão o maior, dos motivos que levaram o
Tio Sam a rever seu posicionamento, ou seja, oportunismo.
Há algum tempo a Espanha e a Venezuela já
haviam desrespeitado o bloqueio imposto pelos EUA. O Brasil e outros países da
América Latina também. A China está construindo um canal na Nicarágua que irá aposentar
o canal do Panamá. O Brasil o porto de Mariel.
Isolados na América do Sul - apesar do seu
grande aliado, a Colômbia, que exerce o mesmo papel que Israel no Oriente
Médio, isto é, desestabilizar o continente – que busca diversificar seus
parceiros comerciais, bem como se unir em blocos regionais, MERCOSUL, UNASUL,
etc., para uma maior independência do gigante faminto do Norte, os EUA, por
receio da influência destes atores na América Central decidiram, numa grande
jogada em nome da paz, mas da paz à moda estadunidense, buscar não perder mais
espaços.
Uma Cuba livre do bloqueio econômico, que é o
que se vislumbra futuramente, e socialista, é algo que os EUA de maneira
nenhuma vão aceitar, pois é a vitrine de que uma sociedade diferente da
sociedade consumista é viável; uma sociedade menos cruel do que a inserida no
sistema capitalista é possível.
Os cubanos, influenciados pela publicidade e
propaganda capitalista, trocarão as suas grandes conquistas nas áreas de saúde,
educação, artes, esportes e internacionalismo pelas bugigangas eletrônicas dos
néscios consumistas? A história nos responderá. Sou cético de que possa haver
resistência aos ‘encantos’ do poderoso capitalismo e seus grandes rentistas,
que tudo podem, a imagem do deus cristão. Espero estar totalmente enganado.
O aceno de Obama a conciliação é uma grande
jogada de marketing e oportunismo no intricado jogo geopolítico. Cuba é um país
internacionalista. Os EUA um país terrorista. Com certeza a maçã oferecida por
Obama está envenenada.