Marinaleda

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RESIGNAR-SE, NUNCA!

domingo, 21 de dezembro de 2014

CUBA, ADEUS?


O reatamento das relações diplomáticas entre Cuba e Estados Unidos, mediados, entre outros, pelo Papa Francisco, é uma grande vitória do povo cubano que a mais de 50 anos luta pelo fim do criminoso bloqueio econômico imposto à ilha pelo governo imperial dos EUA.

Ademais, o bloqueio não foi suspenso, apenas as relações diplomáticas foram refeitas, nestes primeiros momentos, só com o tempo, e lentamente, poderão vir a ser desmontadas todas as engrenagens jurídico-terroristas das sanções econômicas.

Nada que venha dos EUA, qualquer gesto, por mais simpático que possa parecer, pode ser encarado como um aceno ou movimento em busca da paz e conciliação, - que o digam os povos da Líbia e Síria, que sob o governo do Nobel da paz (sic) viram o seu povo e o seu país serem dizimados - pois, o histórico imperialista e agressivo do país impossibilita tal interpretação.

Uma dúvida que me assaltou, logo que li a notícia na internet, foi por que só agora os EUA buscaram uma aproximação com Cuba? Por que não há dez anos ou daqui a vinte anos?

Os bastidores destes acontecimentos, o jogo de xadrez, só virão a tona aos poucos. Quando sobre eles se debruçaram estudiosos e jogadores em busca de esclarecimentos históricos e interpretações das jogadas.

Com minha limitada visão geopolítica, e carente de maiores informações, vislumbro que o fortalecimento dos BRICS e a aproximação deste grupo com Cuba e com toda a América Central, fez soar o alerta vermelho nos ianques, e foi um, senão o maior, dos motivos que levaram o Tio Sam a rever seu posicionamento, ou seja, oportunismo.

Há algum tempo a Espanha e a Venezuela já haviam desrespeitado o bloqueio imposto pelos EUA. O Brasil e outros países da América Latina também. A China está construindo um canal na Nicarágua que irá aposentar o canal do Panamá. O Brasil o porto de Mariel.

Isolados na América do Sul - apesar do seu grande aliado, a Colômbia, que exerce o mesmo papel que Israel no Oriente Médio, isto é, desestabilizar o continente – que busca diversificar seus parceiros comerciais, bem como se unir em blocos regionais, MERCOSUL, UNASUL, etc., para uma maior independência do gigante faminto do Norte, os EUA, por receio da influência destes atores na América Central decidiram, numa grande jogada em nome da paz, mas da paz à moda estadunidense, buscar não perder mais espaços.

Uma Cuba livre do bloqueio econômico, que é o que se vislumbra futuramente, e socialista, é algo que os EUA de maneira nenhuma vão aceitar, pois é a vitrine de que uma sociedade diferente da sociedade consumista é viável; uma sociedade menos cruel do que a inserida no sistema capitalista é possível.

Os cubanos, influenciados pela publicidade e propaganda capitalista, trocarão as suas grandes conquistas nas áreas de saúde, educação, artes, esportes e internacionalismo pelas bugigangas eletrônicas dos néscios consumistas? A história nos responderá. Sou cético de que possa haver resistência aos ‘encantos’ do poderoso capitalismo e seus grandes rentistas, que tudo podem, a imagem do deus cristão. Espero estar totalmente enganado.

O aceno de Obama a conciliação é uma grande jogada de marketing e oportunismo no intricado jogo geopolítico. Cuba é um país internacionalista. Os EUA um país terrorista. Com certeza a maçã oferecida por Obama está envenenada.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

O HOMEM É BOM?


Lembrei-me recentemente de uma época em que minhas manhãs de sábados eram ocupadas com filmes de arte nos cinemas do shopping recife. As sessões começavam sempre às onze horas e trinta minutos. Eram filmes que não tinham espaço no circuito comercial. Em uma das sessões contei onze pessoas na sala. Os filmes eram excelentes.

Com pouco dinheiro, após o cinema, sozinho, dirigia-me a rua sete de setembro, onde ficava a Livro 7, famosa livraria comandada pelo anfitrião Tarcísio Pereira, pessoa simpaticíssima e agradável, a quem, minha doentia timidez, impediu-me de um convívio mínimo. A Livro 7 chegou a ser a maior livraria da América Latina, infelizmente fechou as sua portas em 1998, após dezoito anos de sucesso.

Lá na sete de setembro, antes de ir ao grandioso e mágico espaço da livraria, paquerar os seus milhares de títulos e, discretamente, as lindas mulheres que por lá transitavam, catando livros em promoção, tomava uns chopes num dos bares da rua, para alegrar a alma e despertar a criatividade, e comia uma pizza média a maneira de almoço.

Em uma dessas vezes, em que mergulhava naquele paraíso, encontrei um livro do Moebius, autor que até aquele momento me era desconhecido, cujo título é “O homem é bom?”, curioso, e com o preço acessível, comprei-o.

Lembrei-me dele agora que a Comissão da Verdade divulgou seu relatório sobre torturas e assassinatos na ditadura militar de 1964.

Já havia tido contato, através do livro “Brasil, Nunca Mais”, das atrocidades cometidas pelos psicopatas e criminosos torturadores contra os valentes jovens que se insurgiram ante o golpe fascista de 1964 à democracia brasileira, sob as bandeiras mentirosas de perigo comunista e da corrupção desenfreada, história que se repete agora com os governos do partido dos trabalhadores, bolivariano e inventor da corrupção e das lutas de classe, a democracia fui estuprada a mundo dos EUA.

A leitura parcial do livro que denunciava as atrocidades contras os presos políticos incomodou-me tanto que me trouxe pesadelos e insônia. Doei-o a uma livraria comunitária, pois a visão da capa do mesmo me fazia mal pelas lembranças das torturas narradas. Não conseguia entender como seres considerados humanos tinha prazer em provocar sofrimento a um seu igual. É triste. Para mim incompreensível. Nojento!

Hoje me pergunto: o homem é bom? Não sei, responde-me Moebius.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

BOLSONARO, O CÃO RAIVOSO


Nunca gostaria de escrever, o que escrevo agora, a respeito de um ser humano. Mas, às vezes, o mau caratismo destrói qualquer traço mínimo de humanismo e empatia possíveis, e aí não podemos nos calar sob pena da conivência.

O deputado Bolsonaro quando abre a boca, que mais parecer uma metralhadora de obscenidades, é sempre para xingar, ameaçar, gritar, denegrir, zombar, espumar, destilar fel, etc., nunca ouvi dele – e se alguém conhece alguma fala, por favor me indique – uma palavra civilizada, de cooperação, de conciliação, de paz em busca do bem comum, que seria sua missão no parlamento.

As suas expressões faciais são sempre de agressividade, de alerta, de tensão: um verdadeiro cão de guarda raivoso.

Fico perguntando como o coração desta criatura aguenta viver em pé de guerra com todos e o tempo todo.

O deputado trata as pessoas, seus iguais, como se fossem suas inimigas a quem tem que eliminar a qualquer custo de sua sociedade distópica e, com requintes de crueldade.

Terá amigos ou apenas aliados? Será amado ou apenas temido?

Por que tanta grosseria e tanto ódio? Por que tanta falta de proposta positivas?

Acha mesmo ele que desta forma irá conseguir criar algo pelo que valha a pena lutar ou deseja conscientemente uma sociedade imposta na base da bordoada, onde apenas alguns poucos eleitos tenham o poder de vida e morte sobre o restante do povo?

Acredito, infelizmente, que a resposta é sim: ele acredita numa sociedade a base da porrada, da intimidação, da tortura, afinal, Hitler, Mussolini e Obama conseguiram, por que ele não conseguiria?

Pode a democracia viver com figuras tão asquerosas quanto o deputado? Bem, segundo as 464.572 pessoas que votaram no mesmo nas eleições de 2014, a resposta é sim.

Mas, o estado democrático e suas instituições, entre elas o legislativo, não podem permitir que tal barbárie se instale na estrutura democrática e ponha seus ovos de serpente a chocar.

Cabe ao legislativo, mormente o congresso, abrir imediatamente processo de cassação por falta de decoro do parlamentar.

Ameaçar alguém de estupro é crime em qualquer esfera do direito, e mais ainda, em qualquer esfera moralmente aceita como civilizada.

Este coronel saudosista de um regime de tortura e arbitrariedade, corrupção e censura, já demonstrou, a granel, não ter a mínima possibilidade de conviver em uma democracia.

Para ele resta o ostracismo, a zombaria, a piedade, as leis e a cadeia, ou o hospício.

Minha solidariedade à deputada Maria do Rosário.