Recebo e-mail do amigo e mestre JFHF sobre o artigo Por que a guerra é inevitável, de Paul Craig.
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Prezado Itárcio!
Grato pelo
post.
Eu já
havia lido outro artigo de Craig no qual ele faz menção à possibilidade de a
próxima guerra (na necessidade egoísta de evitar o auto-holocausto da
humanidade) valer-se ("convencionalmente", como contraponto a métodos
nucleares) de robôs inteligentes.
Mas, antes
de expor alguma coisa do que apreendi desse interessante texto de Craig,
gostaria de que você expusesse sua maneira de ver o jeito de Craig,
considerando a "vida pregressa" dele conforme narração no final do
artigo.
Abraço.
JFHF.
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Prezado JFHF!
Paul Craig participou do governo
Reagan, governo este tão violento e terrorista quanto Bush ou Obama.
Noam Chomsky tem um livro só sobre as atrocidades
do governo Reagan na América Central, afora as atuações terroristas na África e
Ásia.
Outra coisa, Reagan e Margaret Hilda
Thatcher foram os pais do novo liberalismo, junto com Augusto Pinochet,
no Chile, levando ao desmonte, hoje catastrófico, do estado do bem estar social
nos EUA e na Europa.
Com certeza absoluta Paul Craig tinha
conhecimentos privilegiados de todos esses acontecimentos, então fica a
pergunta, por que agora acusa apenas os governos Bush e Obama e se omite em
relação Reagan?
Acredito que após o 11 de setembro, com suas
diversas leis e resoluções que caçaram direitos civis aos próprios cidadãos estadunidenses,
tais como o direito ao habeas corpus,
ao devido processo legal, a presunção de inocência e a possibilidade de serem
espionados sem a necessidade de autorização judicial, Craig tenha tido um
despertar, um sentimento de medo, raiva, decepção e, por que não, de arrependimento.
Enquanto apenas os direitos dos povos não norte-americanos
estavam sendo desrespeitados em nome da “democracia” o do estilo de vida
estadunidense, essas atrocidades pareceriam naturais: o povo civilizado
escolhido por Deus X povos bárbaros amaldiçoados pelo Deus do EUA.
Quando tais atrocidades se deram contra o seu
próprio povo, com Bush, e mantidas por Obama, Craig, creio eu, passou a
confrontar e a comparar que se tais atitudes o incomodavam em relação ao seu
país, trazendo, ainda, malefícios ao seu povo, algo, portanto, estava errado e
deveria ser revisto.
Crítico do sistema do qual participava como
ator significativo, crítico de si mesmo, de suas ações, o que é raro acontecer,
principalmente quando já somos velhos e temos sedimentados alguns princípios
dos quais não abrimos mão, passou a usar o seu conhecimento privilegiado, a sua
indignação com a escravidão do seu povo e o sentimento de que seus atos foram
maléficos, e ele apenas um serviçal dos
financistas e empresários das guerras, para diminuir o seu mal estar em ter
servido a um objetivo tão canalha.
No próprio artigo, Craig cita Smedley Butler, General
da Marinha:
(...) eu servi
em todos os postos, de 2º tenente a general. Durante todo esse tempo, operei
como leão de chácara musculoso para as grandes negociatas, para Wall Street e
para os banqueiros. Em resumo: nunca passei de delinquente a serviço do
capitalismo.
Seriam esses também sentimentos de Craig?
É só uma tese, dentre outras possíveis, mas, as
críticas aos governos Bush e Obama são coerentes com a de outros pensadores de
esquerda tais quais Noam Chomsky e James Petras, entre outros.
Abraços,
Itárcio.
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